Sem querer ofender nenhum dos dois, é com surpresa que observo uma semelhança cada vez maior entre os programas de Ana Maria Braga e José Luiz Datena. A favor da apresentadora da Globo, é preciso dizer que ela não grita. E que faz entrevistas sobre assuntos policiais no mesmo tom de voz com que interroga cozinheiros.
Nesta quinta-feira, Ana abriu o programa ao seu estilo, informando que quando era criança referia-se ao dia de hoje, 22, como “dois patinhos na lagoa”, para logo em seguida anunciar a grande atração da manhã: uma entrevista com “a namorada oficial” do goleiro Bruno. Antes da chegada de Fernanda Castro, ainda houve tempo para um bloco com “um resumo das notícias” do caso.
Depois de 29 minutos de exploração impiedosa do caso, o espectador que esperava um pouco de sossego do seu programa matinal foi obrigado a assistir a outra conversa sobre o mesmo assunto, com o promotor Marcelo Milani. “Ele diz que escolheu a promotoria porque gosta de colocar bandido na cadeia. E nós, a população, óbvio, espera promotores assim para poder fazer justiça”, apresentou Ana.
Mais 19 minutos de especulações e sensacionalismo: “O caso do Bruno tem algumas contradições, mas algumas certezas. A Eliza está desaparecida e as pessoas que estão presas sequestraram ela”, disse o promotor, que não está envolvido no caso.
Ana justificou recentemente esta guinada espetacular em seu programa da seguinte forma: “Como a gente pode ficar quieto tendo um veículo de comunicação na mão? A gente faz receitas, mas a vida não é só alegria. Você não tem vontade de gritar quando vê essas notícias?”.
Pessoalmente, só tenho vontade de mudar de canal.
Mauricio Stycer
UOL
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